segunda-feira, 26 de maio de 2008

Trabalho de Geografia Econômica

Relação da Tecnologia com o Processo de Globalização
Desde 1750 vem ocorrendo avanços tecnológicos bastante notáveis, primeiro com o tear mecânico (Primeira Revolução Industrial), depois com a máquina a vapor (Segunda Revolução Industrial) e posteriormente o uso de tecnologia ultra moderna, como: utilização de micro chips, computadores cada vez menores e com maior capacidade de armazenamento de informações e velocidade de processamento dos dados, nano tecnologia, telefones, mega navios, comunicação via satélites, dentre outros (Terceira Revolução Industrial).
A Globalização pode ser entendida como o aprofundamento das relações comerciais, políticas, militares e sociais que teve sua "origem" no final do século XX e início do XXI. O aprofundamento dessas trocas foi viabilizado pelo aumento principalmente desse desenvolvimento tecnológico, pois viabilizou um "encurtamento" das distâncias entre os países e também dentro do próprio território nacional. Com o incremento dos telefones, televisões, com transmissão via satélites, é possível ver um acontecimento em tempo real, o que era impossível de se imaginar a décadas atrás, um claro exemplo disso foi o atentado as Torres Gêmeas nos EUA ocorrido em 11 de setembro de 2001, fato este que foi acompanhado pelo mundo inteiro ao mesmo tempo em que eles aconteceram.
Todo esse processo afeta também a indústria, porque com o incremento na infra-estrutura, transpores, telecomunicações, informática e robótica possibilitaram processos como: automação, economia de desaglomeração e o surgimento de empresas multinacionais. O primeiro refere-se à substituição de parte da mão-de-obra humana pelas máquinas, possibilitando um aumento da produção, melhora na qualidade e diminuição dos custos, já o segundo e o terceiro fator, referem-se a uma "fuga" das empresas dos grandes centros urbanos, desmotivado pelos autos custos de terreno, segurança, de mão-de-obra dentre outros fatores dos centros urbanos, motivados por incentivos fiscais, concessões de terrenos, o proximidade de uma mão-de-obra mais barata. Com os avanços tecnológicos obtidos com a Revolução Técnica científico-informacional, abriu caminho para as empresas manterem sua sede nos países de origem e ainda construírem suas filiais em outros Estados que sejam financeiramente mais viáveis, ou seja, que possuam características supra citadas, mantendo sempre o controle de sua gestão e da qualidade dos seus produtos.
Por outro lado, a globalização permitiu que países desenvolvidos pudessem aumentar a sua influência sobre os países em desenvolvimento, tanto no aspecto econômico (com a entrada de muitas multinacionais, maior participação do capital especulativo na economia, permitindo a aplicação e a retirada deste capital instantaneamente), político quanto no militar (o desenvolvimento de armas cada vez mais modernas possibilita uma demonstração mais coercitiva da sua forca e de sua influência). Outra conseqüência do avanço tecnológico na globalização é o aumento do desemprego estrutural, causado em parte pela gradativa substituição da mão-de-obra humana pela robotizada. Ver Tabela abaixo (Diminuição dos empregos conforme a inserção de tecnologias nos processos produtivos).
Bibliografia
http://www.scielo.br/
http://pt.wikipedia.org/

Tecnologia e relações de poder
Se hoje vivemos em um mundo globalizado, onde a troca de informações, conhecimentos, culturas, está cada vez mais rápida, devemos dar crédito à tecnologia. Com o avanço desta, que foi possível chegar ao atual pólo de desenvolvimento mundial, não só no setor da comunicação, mas também, no setor econômico, transportes, industrial, entre outros. Porém, sabemos que, poucos países realmente possuem este amplo conhecimento tecnológico, fazendo com que se crie uma nova relação, a relação entre a tecnologia e o poder.
Com a contínua evolução tecnológica, a economia mundial foi elevada a um novo patamar. Esta afirmação pode ser explicada pela teoria, de que, com a inovação tecnológica, os produtos estimulariam uma maior competitividade entre a sociedade, aumentando a disputa interna, e conseqüentemente, contribuindo para o crescimento do país que investisse em tecnologia. Neste contexto, podemos apontar uma primeira questão da relação entre a tecnologia e o poder. Esta teoria de crescimento pela competitividade, faz parte de uma visão de mundo dominada pela corrida atrás da acumulação de capitais e do enriquecimento ilimitado, nem sempre por meios civilizados e legítimos. Além disso, o crescimento, trazidos por esta teoria, não é repartido entre a sociedade em geral, ficando concentrada apenas em poder de quem detém uma maior produção tecnológica e entre os seus colaboradores.
Os países industrializados estão fortemente empenhados na mundialização e procuram sempre tirar vantagem desta.Por outro lado,os países do Terceiro Mundo vão se tornando cada vez mais um grupo heterogêneo e não parecem ter demonstrado a mesma capacidade de integração na economia mundial.Poderíamos citar como causa dessa disparidade a tecnologia ao passo que os países em desenvolvimento dependem ainda,e muito,das tecnologias nas quais os países desenvolvidos possuem o controle.Definindo tecnologia como sendo um conjunto ordenado de conhecimentos e experiências,que toma seu valor como resultado das relações de um certo mercado,sendo seu aspecto mais evidente a geração de poder econômico.Logo, o controle sobre uma tecnologia é um poder sobre este mercado.Este poder não significa necessariamente dominância ao passo que tem poder quem adquire o nível mínimo de conhecimento e experiência para entrar no mercado e tem muito mais poder quem consegue obter uma tecnologia que possa arredar seus competidores,ou seja capaz de criar seu próprio mercado.
Existe um elevado grau de complexidade nas relações entre economia e tecnologia.Estamos em pleno século XXI,e as novas tecnologias da informação e da comunicação apresentam um elevado caráter combinatório com a economia.A informação é a base que cimenta os principais elementos que permitem a nossa evolução social,cultural e principalmente econômica.A atividade econômica é cada vez mais dominada pelo uso de recursos de informação/comunicação, e as tecnologias utilizadas nestes setores têm-se tornado peças chaves para o funcionamento da economia.Um exemplo vivo disto seria a mobilidade do capital especulativo.O mercado financeiro nunca pára.Investidores estão sempre monitorando os melhores mercados,as melhores taxas de juros buscando sempre a maior rentabilidade de seus investimentos.Com a evolução informacional o dinheiro que outrora estava em um país em questão de segundos já está em outro.O investidor não precisa mais estar na cidade para concretizar negócios,pode concretizá-lo à distância através de videoconferências e usufruir de recursos de uma cidade sem estar propriamente nela.
Porém o que podemos constatar é um mercado tradicionalmente escasso para os países em desenvolvimento,pois o acesso a tecnologia através da via convencional dos contratos de Know How licenças de patentes ou serviços técnicos encontra-se vedado no contexto histórico que vivemos,sendo extremamente difícil o acesso desses países a tecnologias.Logo,os países desenvolvidos são capazes de criar seus próprios mercados,sempre mantendo como dependentes diretos os países do Terceiro Mundo.Poderíamos tomas as empresas multinacionais como um breve exemplo.Uma empresa multinacional que se acha impedida de explorar sua capacidade tecnológica nos países em desenvolvimento,por outro lado acaba tendo uma posição privilegiada para instalar uma unidade produtiva nesses países,ou comercializar sua tecnologia. Ainda há empresas multinacionais que caracterizam-se por privatizar outras empresas privadas ou estatais. Aí está mais um conflito da relação entre a tecnologia e o poder. As empresas externas, que conseguiram desenvolver-se tanto, ao ponto de extravasar as fronteiras do seu país, chegam aos outros países com vantagens e com um maior conhecimento tecnológico, tendo força para ter o controle do mercado de várias regiões, de setores privados e estatais, diminuindo assim a força das empresas internas e do próprio Estado sobre alguns setores da sua economia. Logo quando o mercado começa a ficar protegido pelo aumento das alíquotas de importação,começa a aparecer o mercado de tecnologia com compras,vendas e até mesmo locação de tecnologias,algo muito diferente da transferência de tecnologia.Então o caminho para obter tecnologia pareceria resumir-se ao investimento direto de risco.
Outra questão bem atual é a do meio-ambiente. A preocupação com o meio-ambiente vem aumentando cada vez mais nos últimos anos, o que se reflete num maior número de ONG´s existentes em todo o mundo. Com a pressão destas e o surgimento de uma consciência ambiental cada vez mais ampla, os países decidiram se unir para a assinatura de um protocolo, o protocolo de Kyoto. Este protocolo visava a diminuição da emissão de gases estufa, como o CO² para a atmosfera, além de criar formas de desenvolvimento de maneira menos impactante àqueles países em pleno desenvolvimento. Porém, nem todos os países aceitaram este protocolo, como no caso dos Estados Unidos. A justificativa dos mesmos seria de que com a adesão ao protocolo, o seu rendimento econômico ficaria comprometido, e conseqüentemente, afetaria o mundo todo, já que, a economia americana seria o pilar de toda a economia mundial,notando aqui mais um traço de uma relação de poder, pois a economia mundial depende principalmente de uma só economia para a sua estabilidade.Vale ainda ressaltar a flexibilização deste mesmo tratado em prol dos países desenvolvidos segundo este contexto de comprometimento do rendimento econômico com a criação do mercado do carbono,onde os países adquiriram o poder de compra e venda de cotas de emissão de CO².Assim os países que conseguem ficar abaixo de sua cota de poluição,acabam vendendo sua "sobra" para países que excedem a cota de emissão,criando assim um mecanismo eficiente para driblar o protocolo e assim estabelecer uma nova relação de poder entre esses países.
Para o desenvolvimento da tecnologia de uma forma geral, existe uma necessidade de obtenção de vários recursos e matérias-primas. Porém, visando um rápido desenvolvimento, alguns países, principalmente os industrializados, muitas vezes acabaram agindo de forma predatória, causando a escassez de determinados recursos e elevando o grau de desmatamento, além da poluição causada após o consumo destes.
Portanto, a tendência atual é inversa, pois os países industrializados desenvolvidos já agiram de forma predatória em grande parte do seu território,ao contrário dos subdesenvolvidos,que ainda possuem grandes reservas de uma forma geral.Assim, os países desenvolvidos se vêem obrigados em algumas situações a importar matérias-primas ou produtos primários,que estão escassos no seu território,ou até mesmo,disputá-los de uma forma até agressiva, om acordos desiguais ou pelo uso da força bélica,como foi citado anteriormente,no caso da Guerra do Iraque.Talvez aí esteja uma esperança para os países subdesenvolvidos, para conseguirem aos poucos se igualar com os países do Primeiro Mundo, pois sem recursos, não haverá qualquer tipo de avanço tecnológico.

Estudo de Caso
Agora, faremos um estudo de caso estabelecendo uma comparação entre o Brasil e a Coréia do Sul. Nosso objetivo é mostrar as diferenças no processo de industrialização desses países e por que a Coréia é hoje um país que detém um parque industrial com tecnologia de ponta e o Brasil ainda "engatinha" nesse sentido. E o mais importante é a análise da interferência Estatal em todo esse processo.
Em primeiro lugar abordaremos a importância dos fatores geopolíticos na determinação do desempenho desses países. Logo depois, discutiremos o papel do Estado em termos de financiamento, planejamento, implementação de políticas tecnológicas e a relação com o capital estrangeiro.
Durante a Guerra Fria e a vigência do padrão–dólar era possível verificar dois tipos bem sucedidos de desenvolvimento nacional: o desenvolvimento a convite, e o dependente e associado. O primeiro caso incluiu a reconstrução européia, japonesa e o advento dos "tigres asiáticos", que tiveram a questão geopolítica como fator determinante. O segundo foi experimentado por alguns países latino-americanos, que se encontravam mais distantes dos principais conflitos geopolíticos e muito próximos dos EUA.
Desde o começo da Guerra Fria, a Coréia do Sul esteve no centro dos conflitos Leste-Oeste. A divisão do país, com a porção norte-coreana tornando-se comunista, e a proximidade com a China revolucionária, tornaram a Coréia um país extremante relevante para a geopolítica americana. Graças à Guerra Fria, a Coréia (juntamente com Taiwan) recebeu uma ajuda per capita maior que qualquer país em desenvolvimento no mundo. A importância desses recursos foi crucial para o financiamento do déficit produzido pelas importações coreanas, que, nos anos 1950, atingiram um nível dez vezes maior que as exportações.
Além de ajudar com recursos, os EUA fizeram interferências diretas na reorganização do país, com profundos impactos políticos que mais tarde seriam fundamentais para explicar a atuação do Estado coreano na orientação do processo econômico. O contexto geopolítico combinado com a falta de laços prévios com as elites rurais tradicionais levaram os EUA a apoiar uma reforma agrária radical. Não se pode deixar de observar as condições sociais internas que possibilitaram a realização da reforma: parte das terras estava nas mãos dos japoneses e parte era de propriedade de agricultores que os haviam apoiado. Assim, dadas essas condições, viabilizou-se a reforma agrária que, para as forças de ocupação americanas, significava garantia do estabelecimento de um campesinato moderado.
A revolução educacional da coréia seria impensável sem a reforma agrária realizada com a ajuda norte-americana nos anos 1950. A reforma da estrutura fundiária foi responsável por uma melhor distribuição de renda que, por sua vez, viabilizou a qualificação de sua mão–de-obra, sem o que o desenvolvimento da indústria com base em alta tecnologia teria sido impensável. Tal qualificação teve como requisito prévio uma mínima distribuição de renda, condição sine qua non para qualquer tentativa de educação da força de trabalho.
A eliminação da elite rural, a existência de uma burguesia fraca e a ajuda americana permitiram o fortalecimento do Estado, abrindo caminho para o que alguns intelectuais chamam de "capitalismo burocrático", no qual o aparato estatal se torna a arena central onde os ganhos e as perdas do capital privado são decididos. A convergência desses fatores fez com que o Estado coreano tivesse capacidade de intervir em todo o processo, financiando, dirigindo e controlando o setor privado em um nível tal somente comparável a economias centralizadas, só que com uma eficiência muito superior.
A situação do Brasil e dos países latino-americanos foi diferente. Em nada resultaram as tentativas dos países latino-americanos em conseguir a aprovação de um programa de assistência semelhante ao Plano Marshall ou à ajuda dada para a Ásia. O Plano Marshall simplesmente desconsiderava o problema do desenvolvimento dos países latino-americanos.
Após a eleição de Eisenhower, em 1952, os EUA deixaram claro que não se esperasse por um novo Plano Marshall. A estratégia de desenvolvimento, na visão do novo mandatário estadunidense, passaria pelo investimento privado das grandes corporações americanas e européias e não pela ajuda oficial. Juscelino Kubichtek compreendeu o espírito da época e remanejou as estratégias, atraindo para o Brasil algumas das principais multinacionais do setor automobilístico.
A América latina só alcançaria alguma relevância geopolítica no início dos anos 1960, devido ao impacto causado pela Revolução cubana de 1959. Na reunião da OEA, realizada em Punta del Este, em 1961, o governo Kennedy lançou a Aliança para o Progresso e passou a patrocinar formas mais ativas de cooperação internacional, através do recém-criado Banco Interamericano de Desenvolvimento ( BID).
Passaremos, neste momento, para a análise do papel do Estado, que não pode ser feita sem levar em conta suas articulações com o sistema internacional. A questão geopolítica e o contexto internacional são fundamentais, mas não suficientes, para compreender os distintos padrões de financiamento e as diferentes estratégias de desenvolvimento adotadas por Brasil e Coréia. Um padrão de financiamento é fruto de relações de poder entre o Estado e o setor privado nacional, o Estado e o resto do mundo, o empresariado nacional e internacional, e entre os diferentes segmentos (bancário, produtivo e agrário) da iniciativa privada doméstica entre si. Há ainda as relações destes três agentes - Estado, capital nacional e capital internacional - com os diferentes setores da classe trabalhadora.
O padrão de financiamento é questão decisiva em qualquer economia, especialmente em países retardatários, nos quais a acumulação de capital é insuficiente frente às necessidades impostas por um padrão tecnológico internacional, fora do qual sua indústria nascente estaria fadada ao fracasso.
Na Coréia, a questão do financiamento foi equacionada, em um primeiro momento, pelos aportes maciços de recursos oriundos dos EUA. Além disso, o Estado manteve estrito controle do mercado de capitais, especialmente em relação à fuga de capitais.
Os empréstimos externos também eram totalmente regulados pelo governo. Ao regular o acesso ao mercado externo de crédito, o Estado controlava a destinação dos recursos e dos projetos de investimento. Além de controlar o acesso ao endividamento externo, o governo obrigava, na maioria dos projetos, a que uma parte do financiamento fosse realizada com recursos domésticos, por ele cedidos, de modo a aumentar seu poder de controle. Esse quadro demonstra que, ao contrário dos preceitos neoclássicos, houve uma política de forte intervenção estatal na economia.
No Brasil, não se constituiu uma base sólida de financiamento capaz de sustentar a atuação do Estado, que só foi viabilizada graças à conexão internacional estabelecida. O país apostou no movimento do capital internacional em dois momentos: primeiro, nos anos 1950, em sua fase de expansão por meio das grandes corporações multinacionais; depois, nos anos 1970, por intermédio dos empréstimos bancários, a juros internacionais flutuantes. Desse modo, aprofundaram-se os laços de dependência externa na medida em que esses recursos, na maioria das vezes, não eram utilizados para mudar as estruturas preexistentes, mas para sancioná-las.
Apesar dos desperdícios e da corrupção, os principais países da América Latina conseguiram, via endividamento externo, realizar parte dos projetos nacionais de então (agroindústria, petróleo, infra-estrutura, etc), alterando suas estruturas produtivas, bem como sua pauta exportadora, com crescente participação de produtos industrializados. No entanto, uma característica determinante na diferenciação das duas trajetórias de industrialização tardia foi o momento em que os processos ocorreram: enquanto o processo de substituição de importações da América Latina, que havia começado na década de 1930, dava seu "último suspiro" no final dos anos 1970, no Sudeste Asiático ele estava em plena expansão.
Na Coréia, foram implementados cinco planos qüinqüenais que, independentemente de alguns desvios de rota, foram aplicados rigidamente. O Estado não só estabelecia metas como também financiava, controlava, punia e premiava. O estado era responsável pela concessão de licenças e subsídios, definindo quem produzia o quê e quanto e até mesmo a estruturação patrimonial das empresas. Ademais, as políticas fiscal, financeira, salarial e cambial eram coerentes com a industrial. Esta, por sua vez, era sensível à superação de fases e flexível na determinação de novas metas, que eram rigidamente perseguidas e controladas.
Os enormes conglomerados industriais (chaebols) praticamente foram criados pelo Estado, que os mantinha sob controle estrito.
Um Estado fortemente regulador comandou um processo em que, por exemplo, a indústria automobilística – altamente competitiva em termos internacionais – é totalmente coreana, metade estatal e metade privada. Além desse setor, a estratégia coreana concentrou seus esforços em outros ramos de ponta, como a informática, a telefonia e a produção de televisores, para os quais o governo liberou grande quantidade de recursos em troca de capacidade competitiva internacional, que, se não cumprida, levava a fortes condenações por parte do Estado.
No Brasil, a "força" do Estado foi bastante significativa na arbitragem dos conflitos entre capital e trabalho em favor do primeiro. No entanto, apesar dos longos períodos ditatoriais, o Estado brasileiro não conseguiu arbitrar os diferentes interesses intraburguesia. Todas as tentativas de implementar determinada orientação de desenvolvimento, a exemplo do Plano de Metas, apesar de trem sido levadas adiante, só foram às custas do comprometimento da capacidade financeira do Estado. No Brasil, o setor privado nunca assumiu riscos, jamais teve seu desempenho cobrado, e, sobretudo, jamais permitiu que o arbítrio do Estado comprometesse sua capacidade de acumulação. Quaisquer tentativas de introduzir novos planos ou revisar velhas políticas só foram adiante na medida em que não atrapalharam velhos interesses.
A situação de fragilidade macroeconômica, de investimento insuficiente e de instabilidade permanente de taxas de juros e de câmbio preparou mal as economias latino-americanas para o "choque de competição" decorrente da liberação comercial e financeira simultânea ao processo de ajuste. Inúmeros setores, especialmente na indústria manufatureira, não foram capazes, devido ao estado crítico em que se encontravam, de reagir à concorrência de produtos importados no momento em que perderam a proteção.
Dessa forma, observa-se que houve uma deterioração da capacidade de planejamento e investimento dos Estados latino-americanos em relação aos do leste asiático. A rápida liberalização comercial e financeira, aliada à estréia integração aos mercados financeiros globais, levou à perda de autonomia dos países latino-americanos sobre suas políticas macroeconômicas. A fragilização da capacidade de intervenção estatal fez com que as forças do mercado tendessem a manter as taxas de juros e de câmbio em níveis que impediam a rápida acumulação de capital e a mudança tecnológica.
O acesso à tecnologia japonesa foi uma vantagem coreana em relação ao Brasil e aos demais processos de industrialização tardia, especialmente aqueles ocorridos na América latina. Entre 1962 e 1984, a Coréia celebrou com o Japão a maioria (55%) de seus contratos tecnológicos. Além da capacidade de incorporação do conteúdo tecnológico japonês em equipamentos, partes e componentes, os coreanos participaram do aprendizado coletivo japonês em função da proximidade geográfica e do conhecimento lingüístico, contando, entre outras coisas, com o translado de empregados qualificados de firmas japonesas em fins de semana. Os EUA também venderam tecnologia, porém com menor participação (23%). Além disso, o Estado coreano aproveitou com maestria os espaços abertos pela disputa dos EUA com o Japão.
A facilidade de acesso à tecnologia teria impactos profundos nas estruturas produtivas dos dois países. Ao contrário da Coréia e dos outros "Tigres Asiáticos", a estrutura produtiva do Brasil e da maioria dos países da América latina ficou defasada diante da consolidação do novo paradigma tecnológico-organizacional no início dos anos 1980. Quando o novo paradigma emergiu, aquelas nações asiáticas já possuíam tanto estrutura interna quanto relações privilegiadas com o sistema internacional, o que lhes permitiu uma inserção competitiva na nova realidade mundial.
O processo unilateral e sem critério de abertura econômica do Brasil e dos demais países da América Latina reduziu o setor de pesquisa ou alterou sua natureza. O setor passou a ocupar-se apenas da adaptação da tecnologia da matriz a condições locais, o que se chama no jargão de "tropicalização da tecnologia". Engenheiros de pesquisa foram reciclados em gerentes de venda.
Esse problema ainda foi agravado por algumas das privatizações de empresas estatais que, eram responsáveis, juntamente com universidades e instituições públicas, por 80% dos gastos em pesquisa tecnológica, em áreas como as telecomunicações e energia. Frequentemente repetiu-se aqui o padrão de muita destruição e pouca criação. O balanço líquido foi um retrocesso na geração local de tecnologia e o aumento de uma dispendiosa dependência tecnológica em relação ao estrangeiro.
Em relação ao tratamento dispensado ao capital estrangeiro cabe ressaltar algumas diferenças fundamentais entre os dois países. O Estado coreano submeteu o capital externo, seja enquanto tecnologia seja enquanto fluxos de investimento, a controle muito mais detalhado, extensivo e restritivo, em termos de acesso ao mercado local, composição acionária, transferência d tecnologia, entre outros fatores, do que qualquer país latino-americano. A Coréia não incentivou os investimentos diretos estrangeiros, preferindo comprar tecnologia e bens de capital. Com a tecnologia, conseguiu desenvolver seu próprio capital e construir sua própria estrutura industrial, adaptando tecnologia importada. Com isso a Coréia logrou um desenvolvimento tecnológico vedado aos países que importaram capitais, situação em que a tecnologia fica concentrada nas matrizes das empresas, exportando-a pronta, na medida de sua estratégias internacionais como corporações, deixando em geral os países que são objeto de seus investimentos sem nenhuma autonomia tecnológica. Esse modelo transfere as escolhas estratégicas de investimento para as grandes corporações, influindo decisivamente no estilo de consumo de nossas sociedades. Com raras exceções, a propriedade majoritária de estrangeiros foi proibida na Coréia, de modo que somente 6% das empresas multinacionais possuíam a íntegra do capital próprio. Enquanto isso, no Brasil e no México, esses índices chegavam, respectivamente, a 60% e 50%.
Na América Latina e no Brasil, os investimentos diretos foram decisivos no processo de industrialização, resultando em maior grau de controle externo sobre o aparato produtivo interno. Diferentemente dos países asiáticos, a industrialização de Brasil, México e Argentina foi baseada no tripé: associação entre o capital privado, o internacional e o Estado, mas onde o investimento direto externo e a instalação das grandes corporações em um mercado interno protegido eram uma marca absolutamente decisiva e própria. A conseqüência dessa estratégia fez que, por exemplo, completado aquele ciclo de industrialização, aproximadamente 40% do produto industrial brasileiro fosse produzido pelas grandes corporações multinacionais, que lideravam a produção de quase todos os setores dinâmicos da economia brasileira.
Do ponto de vista puramente econômico, a Coréia seguiu um caminho muito parecido com o do Brasil até 1980, passando por momentos e etapas formalmente muito parecidos. Ocorre que lá, não só foi menor a presença das empresas estrangeiras, mas também foi muito maior a integração orgânica e estratégica do Estado com o empresariado. Não havia ambigüidades nem resistência, e se houve, foram esmagadas.
O dirigismo econômico coreano só foi possível porque existia uma estrutura produtiva altamente concentrada (vide os chaebols) e uma reduzida internacionalização da estrutura produto.
Portanto, essa comparação que fizemos procurou compreender como um país que tinha um grau de desenvolvimento inferior ao do Brasil há trinta anos conseguiu ultrapassá-lo para tornar-se um dos países em desenvolvimento de maior destaque. A Coréia do Sul foi, na virada do século XX para o XXI, o único país da periferia capitalista que chegou a competir em igualdade de condições com os países mais desenvolvidos, em vários setores avançados tecnologicamente.
Fonte: www.senado.gov.br/sf/senado/ilb/pdf/brasil_coreia.pdf

Lixo Eletrônico, uma Evolução Perigosa.
O fenômeno da globalização, com o grande avanço da tecnologia vem tendo uma preocupante conseqüência, que começa a tomar espaço nas grandes discussões sobe o meio ambiente. A tecnologia vem se superando em questões muito pequenas de tempo, tornando obsoletos alguns aparelhos considerados novos. O lixo tecnológico massa e preocupa, materiais pesados e muito poluentes são despejados sem qualquer cuidado.
Gordon Moore, um dos fundadores da INTEL (fabricante de processadores e placas-mãe) criou o que ficou conhecido como a "Lei de Moore" onde entende-se que a capacidade de um computador se supera a cada dois anos, levando a obsolescência, máquinas consideradas muito avançadas. Com isso a EPA (Environmental Protection Agency) dos Estados Unidos, estimou que 30 a 40 milhões de computadores serão descartados nos próximos anos. Junto com eles, 25 milhões de televisores, em perfeito estado, serão descartados por apenas receberem sinais analógicos, o que será extinguido com o aparecimento do sinal digital. Em 2005, 98 milhões de celulares foram para os lixos no EUA. A EPA calcula algo entorno de 1,3 a 1,7 milhões de toneladas de lixo eletrônico fora produzido neste ano, nos EUA. Levando em conta a produção deste lixe em todo o mundo, o Pnuma (programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) chega-se a margem de 45 milhões de toneladas de lixa.
Parte do lixo é depositado em aterros com o risco de vazamentos de chumbo, mercúrio, arsênico, cádmio, berílio, substâncias altamente tóxicas. Outra parte permanece guardada sem uso, o que não parece algo ruim, mas vem a se tornar preocupante quando nota-se que nota-se que a reciclagem de alguns materiais é mais vantajosa e menos danosa do que sua extração de tal material da terra. Outra parte do lixo tem um destino mais complicado. Criou-se um mercado para este lixo, onde ele é vendido para intermediários que os enviam a países em desenvolvimento onde a proteção ambiental não existe ou é desrespeitada. O principal centro de envio deste lixo é a Ásia que por sua vez tem a China como o grande centro. Tem por razão a explosiva crescimento industrial chinês que estimulou a demanda para todos os tipos de materiais recicláveis. Notou-se no país uma prática de reciclagem muito preocupante onde famílias estavam empregadas em práticas nocivas, como a queima de fiação para a obtenção de cobre, derretimento de placas de circuito para a extração de chumbo e outros materiais, tudo sendo realizado em panelas comuns, que com o desconhecimento dos danos, são usadas no cozimento de alimentos. O controle é complicado porque, mesmo tendo políticas que diminuem a importação de lixo eletrônica para a China, o mercado clandestino ainda possui muita força e leva tal lixo a outros países asiáticos de menor resistência como a Índia, Tailândia e Paquistão.
O surgimento de empresas preocupadas com a reciclagem ainda é muito lento, nos EUA existem apenas 4 empresas capazes de 70 mil toneladas de material por ano. Nota-se que pelo número de processamento de uma empresa, não seriam necessárias muitas empresas de reciclagem, o problema está no fato de que ainda é muito mais vantajoso a exportação do lixo a outros países em desenvolvimento. Na Universidade Ashland, em Ohio, um estudo tentou mostrar que tal prática não é tão vantajosa, provando que produtos importados de países como a China (que importam o lixo eletrônico dos EUA) estão contaminados com materiais provenientes do lixo eletrônico. "Em uma economia global, quando algo desaparece de nossa vista significa que logo irá retornar à nossa atenção" (Peter Essick). No Brasil temos a Empresa Sucata Digital do grupo J.C. Hesberg instalada no Pólo Industrial de Manaus, pioneira em tal ação em todo o Estado, o proprietário é José Carlos Filho.
Principais elementos do lixo eletrônico
Chumbo: neurotoxina afeta rins e sistema reprodutivo.
PVC: dioxinas muito tóxicas.
Retardantes de chama polibromados: danos a tireóide e afeta no desenvolvimento fetal.
Bário: distúrbios gastrintestinais, debilidade muscular, dificuldades respiratórias problemas na pressão sanguínea.
Cromo: afeta rins fígado e aumenta o risco de câncer nos pulmões e provoca bronquite asmática.
Mercúrio: danos neurológicos e renais.
Berílio: carcinogênico, doenças pulmonares.
Cádmio: carcinogênico, danos nos rins e ossos.
Fonte: National Geographic de Janeiro de 2008, reportagem de Peter Essick